domingo, 11 de outubro de 2015

Luciano Huck e Angélica: sem essa de casal 20

Casal de apresentadores garante que a vida deles não é um comercial de margarina



RIO — Enquanto Angélica terminava de se arrumar, Luciano Huck se oferecia para escolher o cenário da foto, na casa deles. O casal, que não costuma dar entrevista junto, falou sobre o acidente aéreo que sofreu quando voltava do Pantanal para o Rio, em maio. Na Globo desde 1999, ele comanda o “Caldeirão do Huck”, com quadros como o “Lar doce lar”, que reforma casas de espectadores. Angélica, que chegou à emissora em 1996, hoje está à frente do “Estrelas”, onde entrevista celebridades. Os dois rejeitam o rótulo de casal 20 da TV. Juntos há 11 anos, pais de Joaquim, de 10, Benício, de 7, e Eva, de 2, dizem que a vida deles “não é de comercial de margarina”, mas demonstram cuidado com a imagem. Na sessão de fotos, eles foram auxiliados por uma equipe de quatro profissionais. Na entrevista a seguir, os dois falam sobre política, futuro profissional e relacionamento.

Vocês compram o título de casal 20 da TV?
Luciano: Nossa vida é tão normal. Você está na casa de uma família de fato, e não de comercial de margarina. Pode parecer, mas não é. A gente tem uma vida de verdade, um dia a dia de trabalho intenso. O mundo hoje é conectado e, quando não é verdadeiro, a máscara cai rápido.
Angélica: As pessoas sentem o que é real e o que não é. Nós não somos personagens.

O que mudou na vida de vocês após o acidente?
Luciano: Tudo é recente. Ficamos na dúvida se daríamos esta entrevista. Estamos processando o que aconteceu e não queremos capitalizar em cima de uma coisa que foi violenta. Há um tempo de digestão. E estamos nesse processo. Não me sinto preparado para concluir nada sobre o que aconteceu.
Angélica: Muda dentro. Mudam os detalhes do cotidiano.
Luciano escreveu o livro “Na terra, no céu, no mar”, em 2007 e, na época, falou o quanto gostava de estar num avião. Ainda gosta de viajar?
Luciano: Eu trabalho viajando. Quero rodar o Brasil. Para falar com propriedade o que acho do Pará, quero estar no Pará. Gosto de voar e sempre gostei, mas, agora, não está prazeroso para nenhum de nós.
Angélica: Passamos um mês de férias com a família nos Estados Unidos. Mas não temos prazer em entrar num avião.

“Caldeirão” e “Estrelas” estão unidos na programação de sábado. Vocês fariam um programa juntos?
Angélica: Teria que ser algo diferente. Mas acho que os programas são abertos a novidades. Não teria problema em fazer alguma coisa com ele para esses dois produtos. Como somos um casal temos intimidade, e o público gosta de nos ver juntos.

Vocês têm vontade de experimentar outros formatos?
Angélica: Quero explorar isso no “Estrelas”, que é amplo. Gosto de entrevistar, jogar, interpretar. O programa está indo para esse lado, de quadros com um pouco de tudo o que eu já fiz na minha vida.
Luciano: A janela da TV, para mim, é uma extensão de várias coisas que penso. Faço coisas que me deem prazer.

O “Caldeirão” tem quadros de apelo emotivo, mas você nunca chora. O que o faz chorar?
Angélica: Poucas coisas fizeram você chorar, né, amor? Só o vi chorando nos nascimentos dos filhos.
Luciano: E de dor nas costas, no dia seguinte ao acidente.

Você vem de uma família com uma boa condição financeira. Se identifica com as pessoas que ajuda na TV?
Luciano: Minha família é de classe média. Meu pai é advogado e minha mãe é urbanista. Minha infância não foi abastada, o que eu tive foram boas escolas. Mas tenho zero preconceito com qualquer coisa. A história das pessoas me interessa.

Você tem vontade de se envolver com política?
Luciano: Acho que eu não teria estômago para política. A gente já faz política. A política é tentar melhorar a vida de todo mundo. Teoricamente era para ser.

O que acham da campanha pelo impeachment da presidente Dilma? Seria a solução?
Angélica e Luciano Huck - Bárbara Lopes / Bárbara Lopes
Luciano: Essa é uma conversa longa que não dá para editar em uma resposta. Tanto eu quanto Angélica temos uma responsabilidade com o que falamos. É um assunto delicado neste momento. O que eu sei é que se chegou a um ponto que está muito ruim para todo mundo.
Angélica: Acho que manifestações fazem parte da democracia, todo mundo quer o melhor. Quem tem filho fica desesperado, como é que vai ser o futuro e tal. E as crianças vivem esse medo, essa insegurança. Estamos num momento assustador.

Vocês se mudariam do Brasil?
Luciano: A gente tem um compromisso com o Brasil. A gente gosta daqui, a gente tem uma voz ouvida.
Angélica: Mas é muito triste ter um futuro assim para os filhos. Quero realmente que o futuro deles seja melhor do que isso.

Qual foi a melhor viagem que vocês fizeram juntos?
Luciano: A última foi superimportante.
Angélica: Tem muita viagem legal. A lua de mel que a gente fez para a Europa quando eu estava grávida de dois meses. Foi importante porque a gente nem se conhecia direito (risos). A gente estava namorando há seis meses. Só se conhece uma pessoa quando junta a nécessaire no banheiro do hotel.

Luciano: Ela fica com a rotina. É uma mãe presente e lúcida. Um dos melhores trabalhos dela é ser mãe.
Angélica: Quando ele entra para brigar é uma coisa mais séria.

Vocês fazem questão de dar limites para eles?
Angélica: Uma criança sem limites é uma criança insegura e vira um adulto infeliz.




CRÉDITOS: O GLOBO

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